A Nova Lei do Agro

A Nova Lei do Agro (Lei nº 13.986, de 7 de abril de 2020) traz mudanças importantes para o crédito e o financiamento de dívidas de produtores rurais no Brasil. As instituições financeiras consideram que a medida é bem-vinda para incentivar o crédito privado, principalmente em meio à recessão econômica causada pela pandemia de coronavírus.

Segundo a Bancada Ruralista no Congresso, a lei pode ampliar em R$ 5 bilhões as receitas de financiamento para o agro no Brasil. Mudanças na Cédula do Produtor Rural (CPR), como a inclusão de subprodutos e derivados na emissão do título e a emissão da CPR fixada em dólar, e a possibilidade de fracionar o imóvel rural para garantia de crédito pelo Patrimônio Rural em Afetação são algumas das alterações que tendem a fomentar o crédito de investidores estrangeiros.

Veja as principais mudanças:

mp_do_agro_2 (Foto: Estúdio de Criação/Ed. Globo)

mp_do_agro_3 (Foto: Estúdio de Criação/Ed. Globo)

mp_do_agro_4 (Foto: Estúdio de Criação/Ed. Globo)

 

Arábia Saudita importa 70% do que come e bebe

Apesar de não ter nem sequer um rio ou lago, país consegue produzir lácteos, ovos, pescados, aves, frutas, legumes e flores.

Imagine o que é tentar ser agricultor num país sem nenhum rio ou lago. Assim é a Arábia Saudita. Apesar disso, ali são produzidos lácteos, ovos, pescados, aves, frutas, legumes e flores. A produção fica longe de atender à demanda interna, que obriga o país a importar 70% de tudo o que os sauditas comem e bebem.

Essa é uma boa notícia para o produtor brasileiro. A Arábia Saudita hoje é o maior parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio. Em 2017, as exportações brasileiras para os árabes renderam US$ 13,6 bilhões, sendo que os produtos do agronegócio são responsáveis por US$ 10,4 bilhões desse total.

E os sauditas querem mais. O ministro da Agricultura do país, Abdulrahman Alfadi, esteve no Brasil em novembro passado e se encontrou com o colega brasileiro, Blairo Maggi. Veio dizer que, além de mais aves e bovinos, quer comprar ingredientes para alimentar animais, já que rações não são produzidas no país. A reação brasileira foi rápida. No mesmo mês, Marcel Moreira Pinto tomou posse como adido agrícola do país na Arábia Saudita.

Em troca, os sauditas são os segundos maiores fornecedores de petróleo para o Brasil, perdendo apenas para a Nigéria. Aliás, o óleo bruto ainda é o centro da economia saudita. O país tem 16% das reservas mundiais conhecidas, e 90% do que arrecada com exportações decorrem da venda de petróleo.

Produzir qualquer coisa em uma região tão desértica é um desafio caro e que exige muita tecnologia. Na região da bacia de Wadi As-Sirhan, acontece a experiência mais interessante. Visíveis até do espaço, chama a atenção os círculos verdes com cerca de 1 quilômetro de diâmetro cada um. A forma circular se deve à inevitável utilização de irrigação por pivô central.

A água vem de fontes subterrâneas. Para chegar até elas, é preciso escavar poços em rocha sedimentar em profundidades que passam dos 1.000 metros. O problema é que essas fontes não se renovam, e estudiosos afirmam que o suprimento de água desses poços deve durar por mais 50 anos, no máximo. Isso tem levado os sauditas a comprar terras férteis em vários países.

Nas demais áreas do país, a água vem de duas formas. Cientistas alemães contratados pelo governo saudita encontraram aquíferos subterrâneos em escavações com até 2.000 metros de profundidade. A segunda estratégia é a dessalinização do mar. Para ter uma ideia dos desafios do processo, a água que abastece a capital do país, Riad, viaja por 370 quilômetros, desde o golfo da Arábia.

Perdas no mercado de grãos alertam para investimento em logística

Grandes perdas no setor agropecuário alertam para a importância de voltar a atenção para a necessidade de investimento em logística. O déficit de mais de 2 bilhões de reais no mercado de grãos, faz com que novas estratégias sejam necessárias para a recuperação do crescimento do setor. As condições de produção no campo, aliada a problemas no armazenamento e distribuição, podem afetar as oportunidades do Brasil no exterior. Por isso, o investimento em tecnologia e maquinário é necessário para otimizar toda a cadeia logística da agricultura.

No início do mês de maio, a Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, apresentou lançamentos em máquinas e implementos para utilização no campo. Realizada há 25 anos, a feira também tem como um dos objetivos divulgar resultados de pesquisas e estimativas para os próximos meses e anos, de modo a alertar sobre possíveis problemas que possam afetar o setor. Neste ano, uma das discussões foi a respeito da perda de produtividade por falta de investimento em logística.

Essa questão foi levantada durante a feira, por conta de um alerta feito pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a ESALQ, em Piracicaba (SP), em um seminário internacional do qual participou no mês de março. De acordo com estudos realizados no setor logístico, a perda na produção de grãos é considerável e ocorre em vários estados. No caso da soja, o estado de Goiás registrou 0,933% e o Rio Grande do Sul 1,736%, enquanto no milho, Mato Grosso registrou uma perda de 1,766%.

Todas essas perdas ocorreram porque o investimento em logística não foi realizado de forma adequada, pois deveria abranger toda a cadeia e em diferentes situações, como varejo, atacado, armazenagem e atividades portuárias e ferroviárias. Para se ter uma noção, o déficit econômico do segmento de grãos, no ano de 2015, foi maior que 2 bilhões de reais. Dado isso, espaços de diálogos entre representantes do setor, permitem discussões para o alinhamento de estratégias que auxiliem na retomada da economia.

Pesquisas revelam ainda que há uma perda da produção de 67,2% devido problemas na armazenagem. Adquirir maquinário apropriado garante que os produtos sejam realmente armazenados nos locais adequados, evitando perdas significativas. É preciso investir em tecnologia, para fazer das ameaças, possibilidades de crescimento.

Várias são as questões que precisam ser pensadas dentro do setor, como a produção, a colheita e a distribuição. Traçar estratégias em apenas um segmento não garante o desenvolvimento pleno do setor, por isso, a safra não deve ser o único foco. Os impactos na cadeia são diversos, como a escassez de recursos e dificuldades nos portos e nas estradas. Começar pelo investimento em logística de armazenamento já é um começo para reduzir as perdas e impulsionar a volta do crescimento do setor.

Cana-de-açúcar na Amazônia: nem mesmo a indústria canavieira aprova o projeto

O projeto de lei do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) que libera o plantio de cana-de-açúcar em áreas da Amazônia Legal não está agradando nem mesmo o setor canavieiro.

A União da Indústria de Cana de Açúcar (Única) rejeita a proposta por considerar que traz riscos aos biocombustíveis e ao açúcar brasileiros no mercado internacional.

A entidade endossou um posicionamento da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, grupo que reúne o setor produtivo e organizações ambientalistas. O documento defende que se siga o Zoneamento Agroecológico da Cana, que determina áreas para novas usinas e exclui a expansão sobre biomas sensíveis, como a Amazônia.

Para a Coalizão, o projeto de lei poderá causar uma pressão por mais desmatamento. “Os biocombustíveis e açúcar brasileiros não são associados a esse desmatamento. O PL pode manchar essa reputação e colocar em risco os mercados já conquistados”, escreve.

O senador Flexa Ribeiro questionou a crítica. “Interessante dizerem isso porque não mancha a imagem da soja nem do milho, que não são plantados nessas mesmas áreas”, disse. O parlamentar voltou a afirmar que o projeto prevê o plantio apenas em áreas degradadas da Amazônia. “Não derruba uma única árvore. O projeto visa a uma única coisa, que é gerar emprego e renda no nosso Estado, inclusive nas áreas de assentamento ”, acrescenta.

Em função da polêmica, a votação do PLS 626/2011, que era prevista para esta terça-feira (27), foi adiada mais uma vez. De acordo com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, o adiamento se deu em razão do baixo quórum em Plenário. Antes do debate e após reunião de líderes, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) havia prometido apresentar um requerimento para adiar a votação por 30 dias e obstruir a votação, se necessário.