ISO 38.200: norma mundial para setor florestal
Cerca de dois terços da madeira negociada no mundo atualmente tem origem ilegal. Em meio a esse cenário pouco animador, uma nova norma que será lançada até o final deste ano terá o desafio de agregar mais sustentabilidade aos produtos de base florestal. Trata-se da ISO (International Organization for Standardization) 38.200.
A norma contará com a participação de mais de cem países e terá a missão de fazer com que o consumidor, ao comprar uma peça ou bem proveniente de base florestal, tenha a garantia de que a produção utilizou critérios íntegros, sempre em respeito à legislação do país de origem.
Vejamos o exemplo da Rússia, onde 60% da produção de madeira é ilegal, sendo que metade do que ela exporta provém de madeira ilegal. Na Libéria, 100% do que é produzido em madeira é ilegal. Na China, 50%. No Brasil, estima-se que um terço da produção seja ilegal. No Peru, 90%. A madeira ilegal permeia o comércio mundial e não se pode permitir isso.
A última reunião para discutir a ISO 38.200 foi realizada em fevereiro, em Berlim (Alemanha). Na ocasião, os temas que envolvem a norma foram debatidos já em caráter conclusivo, ao contrário do que vinha sendo registrado nos encontros anteriores, quando os pontos mais polêmicos ainda eram recorrentes.
Por ser uma norma internacional, ela precisa ser aplicável em todo o mundo. Houve um grande processo nas negociações, que geraram um conjunto de regras aceitas por todos na capital alemã.
A nova norma pretende que o fabricante faça uma avaliação da legalidade de sua plantação, de como ele atende os principais requisitos internacionais de florestas bem manejadas. Uma outra discussão abordou as utilizações da madeira, que não serve só para fazer papel e celulose. Serve para a construção civil e milhares de outros usos. Portugal tem interesse no manejo da cortiça para fazer rolhas para vinhos, por exemplo, uma vez que, segundo especialistas, a rolha tem um papel muito importante na preservação das propriedades da bebida. Os portugueses querem que a norma se aplique a esse tipo de produto.
O cumprimento da norma será em caráter voluntário, mas se acredita que a tendência será de que as empresas que não se adequarem à ISO enfrentarão dificuldades para comercializar seus produtos, tanto no Brasil como no Exterior.
Projeta-se uma vantagem indiscutível da ISO assim que ela esteja em pleno uso em relação aos outros padrões de certificação já existentes, os quais não são aceitos internacionalmente pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
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